
Assistia a TV, quando anunciaram com todo o destaque bombástico e característico da parafernália televisiva, uma entrevista com uma personalidade do jornalismo contemporâneo. Tratava-se de um dos maiores âncoras do telejornalismo norte-americano. Não pestanejei, apanhei uma boa xícara de café e me propus a assistir.
A jornalista entrevistadora não dispensou a oportunidade de demonstrar seu vasto repertório a um ilustre colega de trabalho e foi logo despejando questões delicadas como a paz mundial, o apartheid e as mazelas latino-americanas. Mal permitia que o entrevistado raciocinasse tranqüilamente e já lhe artodoava ao exigir fórmulas práticas sobre questões políticas, econômicas e sociais compreendidas não só ao país do pobre jornalista, mas, em relação ao mundo. O desgaste estampado no rosto do entrevistado era nítido, aquilo que deveria ser um agradável bate-papo sobre suas preferências, opiniões e trajetória profissional, tornara-se uma situação incômoda e infindável.
As respostas ora longas e ditas com sorrisos e olhares atenciosos deixavam a cena para dar espaço a respostas curtas e despreocupadas com o vocabulário empregado. Isso sem falar, naquelas respostas que serviam de notórias e indiscretas deixas para a revelação da desagradável situação. Em uma dessas mesmas respostas, ultrapassada as barreiras do protocolo, o jornalista a desafiou: - Sabe o que eu mais gosto de fazer?
Ela enrubesceu no mesmo instante. Como o entrevistado já domado e situado no seu estado de inércia, ideal para jornalistas do tipo “dominadores”, se atrevia a responder uma de minhas questões com uma outra indagação? E o pior sobre suas preferências cotidianas. Não, isso definitivamente era um desrespeito a categoria, pensava ela.
Para não demonstrar aflição e desconforto, lançou uma tática infálivel:
- Como disse?
Ele não se intimidou.
– Lhe perguntei se você sabe o que mais gosto de fazer.
Não restando-lhe escapatórias, ela respondeu um tímido não.
Como que tomado pelo ânimo inicial presente na entrevista, respondeu:
- Adoro cuidar do meu jardim.
Ela limitou-se a balançar a cabeça como num gesto de afirmação, próprio dos jornalistas, e se pôs a escutar sobre plantações de rosas, gramas e mudas de bromélias típicas no outono.
Parece que finalmente pode perceber além do profissional, um ser-humano como outro qualquer. Com certeza, aprendeu muito mais quando se propôs a simplesmente escutar sua fonte.
A jornalista entrevistadora não dispensou a oportunidade de demonstrar seu vasto repertório a um ilustre colega de trabalho e foi logo despejando questões delicadas como a paz mundial, o apartheid e as mazelas latino-americanas. Mal permitia que o entrevistado raciocinasse tranqüilamente e já lhe artodoava ao exigir fórmulas práticas sobre questões políticas, econômicas e sociais compreendidas não só ao país do pobre jornalista, mas, em relação ao mundo. O desgaste estampado no rosto do entrevistado era nítido, aquilo que deveria ser um agradável bate-papo sobre suas preferências, opiniões e trajetória profissional, tornara-se uma situação incômoda e infindável.
As respostas ora longas e ditas com sorrisos e olhares atenciosos deixavam a cena para dar espaço a respostas curtas e despreocupadas com o vocabulário empregado. Isso sem falar, naquelas respostas que serviam de notórias e indiscretas deixas para a revelação da desagradável situação. Em uma dessas mesmas respostas, ultrapassada as barreiras do protocolo, o jornalista a desafiou: - Sabe o que eu mais gosto de fazer?
Ela enrubesceu no mesmo instante. Como o entrevistado já domado e situado no seu estado de inércia, ideal para jornalistas do tipo “dominadores”, se atrevia a responder uma de minhas questões com uma outra indagação? E o pior sobre suas preferências cotidianas. Não, isso definitivamente era um desrespeito a categoria, pensava ela.
Para não demonstrar aflição e desconforto, lançou uma tática infálivel:
- Como disse?
Ele não se intimidou.
– Lhe perguntei se você sabe o que mais gosto de fazer.
Não restando-lhe escapatórias, ela respondeu um tímido não.
Como que tomado pelo ânimo inicial presente na entrevista, respondeu:
- Adoro cuidar do meu jardim.
Ela limitou-se a balançar a cabeça como num gesto de afirmação, próprio dos jornalistas, e se pôs a escutar sobre plantações de rosas, gramas e mudas de bromélias típicas no outono.
Parece que finalmente pode perceber além do profissional, um ser-humano como outro qualquer. Com certeza, aprendeu muito mais quando se propôs a simplesmente escutar sua fonte.
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